Eleições e isso
Gostei do voto em branco ter triplicado - uma mensagem clara sobre o desencanto pelo que se apresenta à escolha dos eleitores.
Gostei de o Fernando Nobre ter tido uma votação expressiva - sublinhando, tal como quando Manuel Alegre teve um milhão de votos - que muitas pessoas estão fartas até à naúsea dos partidos tal como são e estão em Portugal. Aliás, a soma de todos os votos "não partidários" é esmagadora e isso sim é relevante.
Mas num país onde a morte de um "cronista social" ocupa a atenção de toda a comunicação (?) social, durante mais tempo que tantos factos decisivos para a nossa vida, quem sou eu para classificar alguma coisa de relevante?...
A abstenção aflige-me. É o deixar cair de braços, é o encolher de ombros, é o não vale a pena...
E quando não vale a pena, de que vale a pena poder votar?
A gaffe do cartão de eleitor veio só sublinhar um fenómeno silencioso no nosso país que é a marginalização dos infoexluídos; em 2010 apenas 53,7% dos lares portugueses têm computadores com ligação à net. No entanto, muitas medidas tomadas no "Portugal Tecnológico" optam por ignorar olimpicamente esta realidade, que deixa de fora muitas pessoas que pela idade, pela realidade profissional, social ou outra não têm acesso ao eldorado da internet.
Quer isto dizer que essas pessoas são de segunda?
Ou quer dizer que quem pensa, desenha e implementa estas medidas são pseudoyuppies, demasiado jovens e ignorantes para saber o valor do respeito pelos outros?
Todos os outros!
E agora, meus amigos mais 5 anos de Cavaco.
A cantar desde 1985...
P.S. Lula de Silva foi o presidente do Brasil que, entre outras coisas, deixou um país a crescer 7% ao ano e que fez subir para a classe média 90milhões de brasileiros.
Disse, quando foi eleito, que muitos tinham a certeza que um operário não poderia governar um país.
E, provavelmente, Lula da Silva não teria no primeiro mandato, muitas noções de protocolo, conhecimento dos dossiers internacionais, o à vontade que circular entre os grandes do mundo permite.
Não foi impedimento, não foi importante e Lula deixou obra.
Se calhar, para fazermos algo de realmente bom pelos outros é mesmo preciso ter por lá passado...