sábado, junho 13, 2009

A história das coisas


Eu sei que estamos todos cansados dos recados anti-consumo e pró-verde e dedos apontados a todos os nossos pequenos e grandes maus hábitos.


Mas às vezes vale a pena ver e ouvir.


A seguir podemos continuar como se não soubéssemos.


Ou não.



Acima do seu Tempo




António Barreto fez um discurso notável no 10 de Junho.







Nada como lê-lo na íntegra.







A única coisa que falta no texto é a menção comovente que fez, logo no início, a João Bénard da Costa, este tributo que fazemos aos que já partiram, assegurando a eternidade que nos é possível.



A da memória nos nossos corações.

http://o-jacaranda.blogspot.com/2009/06/o-exemplo.html

quinta-feira, junho 11, 2009

Vale a pena ler

Explicações

Diz o DN de hoje que os Centros de Explicações estão lotados com inscrições de última hora por causa dos exames de Matemática e e Física de 12º ano.

Dei explicações de Matemática de 12º ano a dezenas de alunos e por isso sei.

Estas inscrições em cima da hora equivalem a segurar a mão de um doente terminal: conforta, mas não cura.

segunda-feira, junho 01, 2009

Males da Educação 2

Um em cada 4 alunos teve um "Plano de Recuperação" na Primária (vulgo 1º ciclo). Tudo para combater os chumbos e o abandono escolar.
Mas será que está tudo tão diferente que 25 % das crianças em Portugal não conseguem aprender o que é suposto em 4 anos sem a "almofadinha do Plano de Recuperação"?
O que é que mudou?
Entre muitas coisas ( aceitam-se contributos):
  • A noção de que a escola implica esforço.
  • A missão da Escola ( agora tem de se ensinar a ler, escrever, contar, mais uns rudimentos de História, Geografia e Ciências tal como antes; mas ainda, expressões, inglês, informática, formação cívica, música, ginástica e mais umas botas). E ainda apoio psicológico, social e de integração.
  • As vocações. Dantes ia para Professor quem gostava. Agora vai quem quer a miragem do "emprego para a vida". Sem filtros como noutros países - que incluem entrevistas e avaliações" - cai nesta profissão de tudo um pouco. Resultados à vista.
  • A disciplina. No espaço de uma aula é preciso sentá-los, mantê-los atentos, cooperantes, acudir a 25 ritmos e necessidades diferentes por sala e ainda, claro, ensinar. Se isto já era difícil quando os Professores tinham autoridade, imagine-se agora, quando anos de desvario no Ministério da Educação os tornaram no bombo da festa a abater.

Imaginem o vosso ambiente de trabalho sem rei nem roque, onde cada um faz o que lhe dá na real gana. Depois transportem isso para milhares de salas de aula e percebam como será ensinar uma conta de dividir a crianças que olham pela janela, que foram à casa de banho e se perdem pelo caminho, que têm hiperactividade, síndromes de Asperger, autismo e que estão ali no "ensino inclusivo" a fazer de conta que são como as outras quando não são. O tempo para ensinar é o mesmo, os objectivos a atingir são os mesmos, mas a realidade mudou: não há milagres.

Para fazer uma conta de dividir, as crianças ( as minhas, as suas, as crianças que estudam em Portugal) têm de saber onde colocar os números, mentalmente rever a tabuada para encontrar os algarismos do quociente, efectuar a multiplicação de cabeça, subtrair mentalmente, baixar o algarismo seguinte, repetir os passos até chegar ao resultado final. Difícil não é? Pois é, sobretudo perante uma multidão que garante que aquilo não serve para nada e quando uma sociedade inteira, uma época inteira premeia a chico espertice, a corrupção, a cunha e a ausência de mérito. Esforço para quê?

  • A formação dos professores. do antigo Magistério passou-se à febre das Ciências da Educação nas ESES. Já repararam que no ensino privado a maioria das professoras do 1º ciclo é da velha guarda? Será coincidência?
  • A ausência de rotinas. Não há rotinas na Educação desde 74. Tudo muda ano a ano. O nome das disciplinas, os programas. As regras ( até há pouco tempo entrava-se numa Escola Superior de Educação com média de 2 valores... e num curso de Engenharia sem Matemática no Secundário), os manuais, os professores eternamente de mala às costas em nome da "igualdade à força", o regime de habilitações. Não é por acaso que as escolas públicas de sucesso têm um corpo docente estável. A forma de transitar de ano, as regras do acesso ao superior, tudo muda menos o descontentamento que é geral...

Cansados? Com razão. Mas exausto está o país que olha de braços caídos gerações trituradas nesta máquina de produzir portugueses ignorantes.

O mesmo país que irá novamente este ano votar em mais do mesmo.

Oremos.