terça-feira, novembro 04, 2008

Olhar para longe


Tudo e todos para nada, coisa nenhuma

O que queria eu dizer-vos?

A tudo e a todos que coisa nenhuma quase nada vale.

Esmagados pela mísera condição de pessoas, sopro de vida que anima uma pouca de matéria, que mais sobra, para onde valerá a pena levantar os olhos, senão para longe?

E deixá-los cair por sobre os que amamos, pobre condição de ser pessoa num mundo triste para tantos que não ousam saber que a felicidade existe?

A miragem da felicidade que a tantos persegue, a tantos engana como se houvesse um vale encantado onde, transposta a inacessível entrada, nos trouxesse para sempre uma espécie de bem aventurança, a miragem que empurra milhões para os dias perseguidos pelo rolo compressor do outro lado do espelho - as coisas que não precisamos, as vidas postiças que gastam o sangue e o nervo e o brilho e o génio e o tempo e a vida de tantos que assim queimam o fósofora da vida.

E depois.

Quando o caixão finalmente desce à terra o que sobra?

O lugar na memória dos outros.

Essa espécie de eternidade.

Quem seremos na memória dos outros quando chegar a nossa vez?

Uma dor fininha, a garganta estrangulada de dor, ou apenas um nome vago?

Depende de nós.

Agora.