terça-feira, maio 19, 2009

Educação Sexual na Escola




Há quase 20 anos que acompanho a novela da Educação Sexual na Escola.


O assunto é assunto quando os jornais o resolvem chamar à primeira página. Pobre país ao sabor de critérios editoriais...

Há no entanto questões que passam sistematicamente ao lado da discussão e que alimentam equívocos:

Estudos provam que nos países onde a ES foi implementada têm idades de início de actividade sexual mais tardio; Daniel Sampaio já disse isto várias vezes mas a imprensa teima em ignorar; era interessante divulgar esses estudos para acabar com o argumento de que introduzir o tema nas escolas é empurrar as crianças para um início precoce da sua vida sexual; que Pais perante a evidência de que a ES protege os seus filhos - de gravidezes adolescentes e de doenças sexualmente transmissíveis - quererão continuar com a cabeça enterrada na areia?

A obrigatoriedade do tema ser tratado na Escola esbarra em sectores conservadores da sociedade e muitos pais; mas então, os pais que assinem um termo de responsabilidade, comprometendo-se a nunca recorrer ao Serviço Nacional de Saúde para resolver as ditas gravidezes indesejadas ou as DST; se querem o direito a escolher para os seus filhos o risco, então assumam o dever de o reparar sem que tenhamos todos nós -os contribuintes -de o suportar...
E já agora escolham também se querem que os seus filhos tenham Matemática, essa coisa chata que só serve para tirar negativas e cuja utilidade está por provar...

Os professores resistem à Educação Sexual na Escola; ao contrário dos médicos, enfermeiros e técnicos de acção social não assistem ao resultado da falta de Educação Sexual : é nos hospitais que se se vê a indigência educativa nesta área, as vidas ameaçadas, os futuros comprometidos.
Percebo os professores, claro que os percebo. Também dei aulas de Ciências e o sistema reprodutor humano. Mas na minha formação de base estudei Reprodução tempo suficiente para falar sobre o tema sem corar perante uma turma de adolescentes de um metro e oitenta que nos perguntam: E como foi a sua primeira vez stôra?...

A maioria das barreiras seria eliminada se fossem técnicos de Saúde a dar as aulas de ES; mas estará o Minsitério da Saúde disposto a pagar a conta desta tarefa?

E, fazendo à americana, um resumo no final:

O jornalismo de rosto humano é o que serve as pessoas: ir ao fundo das questões é o único formato aceitável.

Convoquem as igrejas e os pais conservadores para as equipas que recebem jovens para abortar ou com DST: talvez a realidade faça efeito.

Não brinquem com a Escola, é um assunto sério.

E eu tenho duas filhas em Portugal...

3 Comments:

Blogger Paula Sofia Luz said...

Essa é que é essa.

1:00 da manhã, maio 21, 2009  
Anonymous Montardo said...

Aurora:
Por mais que as evidências demonstrem os benefícios de uma educação sexual adequada, a resistência é permanente. Você escreve que há 20 anos acompanha esta novela e parece que o fim não está a vista.

7:48 da tarde, maio 26, 2009  
Blogger Alexandra said...

Ninguém disse que mudar mentalidades era fácil. Mas se não nos esforçarmos nunca nada mudará não é?

6:44 da tarde, junho 03, 2009  

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