Ciência Aberta
Existe uma colecção na Gradiva chamada Ciência Aberta. Eu conhecia alguns títulos desta coleccção - sobretudo de Hubert Reeves - quando em 96 fui dar aulas para os Açores.
Aterrei numa ilha de 6 por 12 quilómetros quadrados, com cerca de duas mil almas por companhia - a Graciosa - para ensinar entre outras coisas Ciências da Terra e da Vida. Não tinha telemóvel, internet ou sequer com quem discutir Ciência.
Com muito tempo disponível e uma enorme preocupação em consolidar o que julgava saber de Astronomia e de Geologia li tudo o que pude desta colecção, sobretudo de Carl Sagan e Stephen Jay Gould.
A minha visão do mundo mudou e devo-o à Gradiva e ao seu editor, Guilherme Valente.
A elegância da escrita fluida de Sagan ao serviço de um olhar claro, iluminado, guia-nos pelo mundo das ideias - algumas difíceis de digerir, como a de olhar para o passado quando se espreita um supertelescópio, outras poeticamente reais como sermos em sentido literal, pó de estrelas.
Mas o que me surpreendeu na escrita de Sagan foi a generosidade invulgar de se colocar na pele do outro, quando desmonta mitos e superstições da chamada pseudo-ciência. Mais ou menos como se Nicolau Copérnico dissesse:
- Ok, eu acredito que é o Sol que se move em torno da Terra.
E a partir daí tentasse demonstrá-lo, embora absolutamente convencido do contrário para - e é aqui que Sagan é invulgar - deixar a Ciência decidir o que pode ser realmente verdade em cada época, à luz dos conhecimentos disponíveis.
A importância de Sagan é tremenda. Nunca saberemos quanto.
Mas lembro-me de estar absolutamente entregue a mim própria nas noites claras da ilha açoriana a pesquisar o céu para identificar constelações e pensar se nalgum ponto do Universo alguém faria o mesmo. E alguns anos depois, ter um colega de trabalho absolutamente vulgar e anónimo que deixava o computador ligado de noite ao serviço do SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence), programa criado por Sagan.
Pensei na altura como pode ser poderoso um livro. Como pode ser poderosa a curiosidade de um menino que em Broklin olhava o céu querendo saber do que eram feitas as estrelas. E como à margem da pseudo importância das coisinhas irrelevantes que a televisão todos os dias torna absolutamente imperdíveis, existe um mundo imenso de pessoas que leram as Ciências Abertas do nosso mundo e esperam silenciosamente que a Ciência possa dar-nos um mundo, afinal melhor.
http://setiathome.ssl.berkeley.edu/
Aterrei numa ilha de 6 por 12 quilómetros quadrados, com cerca de duas mil almas por companhia - a Graciosa - para ensinar entre outras coisas Ciências da Terra e da Vida. Não tinha telemóvel, internet ou sequer com quem discutir Ciência.
Com muito tempo disponível e uma enorme preocupação em consolidar o que julgava saber de Astronomia e de Geologia li tudo o que pude desta colecção, sobretudo de Carl Sagan e Stephen Jay Gould.
A minha visão do mundo mudou e devo-o à Gradiva e ao seu editor, Guilherme Valente.
A elegância da escrita fluida de Sagan ao serviço de um olhar claro, iluminado, guia-nos pelo mundo das ideias - algumas difíceis de digerir, como a de olhar para o passado quando se espreita um supertelescópio, outras poeticamente reais como sermos em sentido literal, pó de estrelas.
Mas o que me surpreendeu na escrita de Sagan foi a generosidade invulgar de se colocar na pele do outro, quando desmonta mitos e superstições da chamada pseudo-ciência. Mais ou menos como se Nicolau Copérnico dissesse:
- Ok, eu acredito que é o Sol que se move em torno da Terra.
E a partir daí tentasse demonstrá-lo, embora absolutamente convencido do contrário para - e é aqui que Sagan é invulgar - deixar a Ciência decidir o que pode ser realmente verdade em cada época, à luz dos conhecimentos disponíveis.
A importância de Sagan é tremenda. Nunca saberemos quanto.
Mas lembro-me de estar absolutamente entregue a mim própria nas noites claras da ilha açoriana a pesquisar o céu para identificar constelações e pensar se nalgum ponto do Universo alguém faria o mesmo. E alguns anos depois, ter um colega de trabalho absolutamente vulgar e anónimo que deixava o computador ligado de noite ao serviço do SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence), programa criado por Sagan.
Pensei na altura como pode ser poderoso um livro. Como pode ser poderosa a curiosidade de um menino que em Broklin olhava o céu querendo saber do que eram feitas as estrelas. E como à margem da pseudo importância das coisinhas irrelevantes que a televisão todos os dias torna absolutamente imperdíveis, existe um mundo imenso de pessoas que leram as Ciências Abertas do nosso mundo e esperam silenciosamente que a Ciência possa dar-nos um mundo, afinal melhor.
http://setiathome.ssl.berkeley.edu/
7 Comments:
além dos livros e das séries, o tipo replicou o ADN: um filho dele Nick Sagan, já tem dois livros traduzidos por cá (e estou à espera que saia o terceiro).
Filho de peixe sabe cantar...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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anda por aqui um corajoso "artista" a necessitar de ir a uma junta de psiquiatras.
isso não, que lhe recusam a reforma...
ó 'rórinha se escrevesses mais assim e botasses menos bonecada do you tube este blogue era capaz de ser um cadito mais melhor bom.
E agora q já deixeim uma crítica construtiva vou ali comer uma sande.
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