quarta-feira, maio 18, 2005

Viajar

O mundo passa sempre rapidamente, reduzido a miniaturas de aldeias de bonecas quando viajamos.
Aquela mulher que se dobra para apanhar as flores do seu jardim, o homem com a camisa colada às costas pelo suor, a cara difusa dos velhos no nosso país a quem mais nada resta que não esperar do lado de dentro da janela que a morte os venha, finalmente, buscar, mais os que não vemos nas cozinhas miseráveis dos restaurantes de borda de estrada, mais os de Leste - os novos calceteiros - e ainda todos os vendedores de carros usados, as raparigas que sonham com uma fotografia de casamento a branco e cetim, tantos tantos, todos sonham ser felizes.
Tantas vidas cheias de pequenas coisas para além da nossa, dos nossos, do que conhecemos, do que não teremos tempo para ver.
O que fica do mundo quando não está no nosso campo de visão?
Que é feito dos desgraçados quando não estão de mão estendida e cara no chão?
Na grande viagem podemos escolher.
Não o caminho.
Mas com quem ir.
É o principal.